Mentiras e notícias falsas sempre existiram, o que realmente mudou foram os meios pelos quais estas se disseminam. Com acesso à Internet, hoje, é possível atingir um grande número de pessoas, do Oiapoque ao Chuí, em questão de segundos. Basta abrir o WhatsApp. Mais do que isso, na última campanha presidencial, vimos que o envio de notícias falsas em grupos no WhatsApp se tornou até negócio. Contudo, se empresas como o Facebook têm o poder de criar novos problemas dado o avanço da tecnologia, também podem ajudar a resolvê-lo.
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De acordo com dados da própria empresa, o WhatsApp possui 120 milhões de usuários ativos no país. Levando em consideração que a população brasileira é de 209,3 milhões, podemos dizer que mais da metade das pessoas no país usa o aplicativo de mensagens para se comunicar. Aliás, o aplicativo possui um grau de importância tão grande, que até o presidente da república utiliza abertamente a plataforma para discutir assuntos do governo.
Durante a última conferência para desenvolvedores do Facebook, realizada no ano passado, foi divulgado que mais de 65 bilhões de mensagens são enviadas diariamente pelo WhatsApp mundo afora. Logo, nada deveria ser mais importante para a plataforma do que zelar pela veracidade daquilo que é compartilhado entre seus usuários. Porém, isso não é nada fácil quando associado à privacidade destes.
Devido às questões de quebra de sigilo, que levaram o WhatsApp a ser bloqueado pela justiça brasileira em pelo menos quatro ocasiões no país, sabemos por A+B que o sistema de criptografia de ponta a ponta do aplicativo não permite que a empresa tenha acesso ao conteúdo que é compartilhado entre os usuários. Contudo, isso não deveria ser - e não é - motivo para permitir a disseminação descontrolada de notícias falsas no serviço.
No último ano, o time de desenvolvedores da empresa Facebook, proprietária do WhatsApp, vem trabalhando em soluções que ofereçam aos usuários algumas ferramentas que permitam distinguir entre informações verdadeiras ou falsas. Algumas delas ainda não foram implementadas, aparecem apenas no código do aplicativo, mas já mostram o que podemos esperar ver no futuro. Confira quais são essas novas funções abaixo.
#1 Mensagens encaminhadas são identificadas
função implementada
Depois do Facebook ter sido usado para manipular a campanha política nos EUA e a votação de projetos importantes, como o Brexit, no Reino Unido, a empresa montou todo um aparato tecnológico para evitar que o mesmo acontecesse nas eleições no Brasil. Apesar dos esforços terem se mostrado pífios em relação à utilização do WhatsApp como canal de disseminação de spam (termo em inglês que designa o envio em massa de mensagens) e boatos, uma função foi bastante relevante.
Em julho de 2018, a plataforma passou a identificar as mensagens encaminhadas de forma mais clara e objetiva. Este foi o primeiro passo contra o envio de notícias e mensagens falsas.
Sobre o tema, a página oficial do WhatsApp traz a seguinte declaração: “Mensagens com a etiqueta "Encaminhada" te ajudam a determinar se seu amigo ou parente escreveu aquela mensagem ou se ela veio originalmente de outra pessoa. Verifique os fatos quando você não tiver certeza de quem escreveu a mensagem original.”
#2 Limite de encaminhamento de mensagem é reduzido
função implementada
No início do ano, como consequência da disseminação de mentiras na plataforma, que levaram 20 pessoas à morte na Índia, o WhatsApp limitou o encaminhamento de mensagens para cinco contatos. O objetivo desta ação foi combater o spam, bem como dar uma resposta às críticas relacionadas ao papel do mensageiro na difusão de notícias falsas.
Antes dessa decisão, a opção permitia encaminhar a mesma mensagem para até 20 contatos, sem distinção entre pessoas e grupos. Apesar de ainda ser permitido escolher até cinco grupos, os quais podem conter até 256 pessoas, o problema parece ter sido controlado desde então.
#3 Busca reversa de imagens
função não implementada
Apesar do nome ser bastante técnico, a busca reversa de imagens nada mais é do que verificar a veracidade deste tipo de mídia, que são compartilhada nas conversas dentro da plataforma.
Assim, usando a busca reversa de imagens, as pessoas podem verificar a veracidade de uma foto, através de uma pesquisa no Google – algo semelhante ao que acontece ao pesquisar por imagens diretamente no motor de buscas.
Contudo, essa nova função ainda não está disponível, nem para usuários da versão beta do aplicativo. O recurso foi identificado pelo canal especializado na análise do código do WhatsApp, o Wabetainfo, que tornou público os planos da empresa em implementar tal opção no futuro.
#4 Identificação do número de vezes que uma mensagem foi compartilhada
função não implementada
O WhatsApp está trabalhando em uma nova ferramenta que mostra quantas vezes uma mensagem foi compartilhada. Essa informação também foi publicada através da análise do código do aplicativo, realizada pela equipe do Wabetainfo.
Analisando o APK de umas das últimas atualizações do WhatsApp beta (versão 2.19.80), os desenvolvedores do canal identificaram a introdução da função que aponta quantas vezes um conteúdo foi compartilhado e a frequência com que a mensagem foi encaminhada.
#5 Detecção de comportamento anormal
função em constante análise
Em outubro do ano passado, a equipe do WhatsApp no Brasil informou que foram canceladas “centenas de milhares de contas durante o período das eleições no Brasil”. Na ocasião, empresas que atuam com o envio em massa de conteúdos falsos ou enganosos tiveram suas contas no aplicativo desativadas.
Mas o mais importante de tudo isso talvez nem seja a remoção destas contas, mas a informação de que a empresa possui “tecnologia de ponta para detecção de spam que identifica contas com comportamento anormal para que não possam ser usadas para espalhar desinformação”.
No comunicado à imprensa, o WhatsApp não deu detalhes sobre como tais comportamentos são detectados, mas com o número de ferramentas de análise de tráfego, hoje, é possível monitorar certos tipos de comportamento e, possivelmente, extrair padrões de anormalidade dentro da plataforma.
O WhatsApp não está sendo conivente com as notícias falsas
Olhando para estes cinco fatos, é possível dizer que a equipe de desenvolvedores do WhatsApp não está sendo conivente com as notícias falsas, e vem trabalhando para combater a disseminação de boatos e mensagens falsas. É claro que existem recursos ainda não implementados, porém, a preocupação com este problema é real.
Nessa semana, o presidente da Microsoft, Brad Smith, alertou sobre a necessidade de termos uma preocupação maior por parte das grandes jogadoras da indústria de tecnologia em relação à moderação de conteúdo compartilhado em diferentes plataformas. Smith disse: "A questão não é apenas o que a tecnologia fez para agravar esse problema, mas o que as empresas de tecnologia podem fazer para ajudar a resolvê-lo”.
Em outras palavras, existe uma responsabilidade inerente do WhatsApp para com seus usuários e a sociedade, e a empresa parece estar lidando com isso. Você concorda?
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